A Maratona MUDE segue cumprindo o papel de uma grande fábrica de talentos para o setor calçadista nacional. A terceira edição do evento realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) nos dias 14 e 15 de outubro de 2016, em Porto Alegre/RS, contou com uma programação intensa de conteúdo e teve como grande momento a Batalha Criativa de 24 horas vencida pela equipe Rosa, que levou para a casa um cheque de R$ 20 mil.
Formada por Rômulo Henrique da Silva, William Raí da Luz, André Cézar Gossler e Paula Raquel da Silva Flores, a equipe Rosa apresentou três protótipos de calçados inspirados na ideia de liberdade – representada pela polifonia – e brasilidade. Os modelos representavam a história de uma sociedade que, amarrada pelos padrões, tinha sua voz contida. Do primeiro ao terceiro produto, foi possível observar os metais se libertando da pele e as amarras se afrouxando.
Rômulo, líder da equipe, destaca que a experiência foi transformadora. “Depois de realizar nosso sonho de participar da Maratona MUDE, entramos num mundo bem diferente das nossas realidades, aprendemos muito”, destaca, ressaltando a oportunidade de conhecer pessoas de muito sucesso no mundo da moda, que abriram suas mentes para uma nova percepção de mercado.
Dudu Bertholini
Nesta edição, a Maratona MUDE, que já teve a mentoria de renomados estilistas como Lino Villaventura e João Pimenta, teve a orientação de ninguém menos do que Dudu Bertholini. “O Dudu é uma pessoa incrível, que deu tudo de si para ajudar todas as equipes. Ligado no 220, se fez presente nos principais momentos e estava sempre disposto a ajudar”, recorda Rômulo. Segundo ele, o estilista foi fundamental no processo criativo. “No início do nosso projeto ele comentou que precisaríamos focar em alguns conceitos, dentro de tantos que nós tínhamos traçado. Com esse comentário conseguimos solidificar mais nosso projeto, cessando dúvidas e confirmando o conceito do trabalho”, comenta.
Dificuldades
Mas nem tudo eram flores na Maratona MUDE! Enquanto o público presente aproveitava para assistir a programação de conteúdo, as equipes trabalhavam duro durante 24 horas ininterruptas para o desenvolvimento dos calçados, numa simulação exata do que acontece em uma fábrica do setor, com as limitações de tempo e insumos impostas.
Rômulo lembra que, no entanto, o maior fator de dificuldade para a equipe foi o tempo. “Desde o início das etapas para a seleção, fomos muito exigentes com nós mesmos. Procuramos fazer o melhor possível, trazendo novos elementos aos nossos modelos, elementos vistos com uma percepção diferente, trazendo assim um número alto de detalhes em nossos produtos. Foi uma verdadeira corrida contra o tempo”, conta.
Legado
Para Rômulo, a Maratona MUDE já é muito mais do que uma Batalha Criativa, embora esse ainda seja seu ponto alto. Trata-se de um evento completo, que une informação teórica e a prática da construção de calçados. “A cada ano que passa a Maratona está ficando mais conhecida no meio calçadista e acreditamos que cada vez mais ela está deixando de ser vista apenas como uma batalha criativa, mas também como um espaço colaborativo de criatividade, onde podemos esboçar nossos reais sentimentos, nossas vivências”, avalia.
Segundo ele, apesar de todos estarem lá para ganhar a batalha, o espírito de colaboratividade prevaleceu. “Independente do prêmio, aprendemos muito, houveram grandes trocas de experiências, tanto pessoal como profissional. Todos estavam bem dispostos a ajudar, dar opiniões, dar auxílio nas máquinas e ajudar nas dúvidas de resistências de materiais”, ressalta, deixando no ar uma possibilidade: quem sabe a equipe vencedora não lança uma marca? “A princípio cada um seguirá sua trajetória, mas quem sabe futuramente uma nova parceria não seja formada?”, conclui.
Conheça a equipe Rosa
::> Rômulo Henrique da Silva – Se diz um “curioso” que gosta de pesquisar tendências, materiais e esboçar modelos de calçados. Atualmente trabalha no Marketing de uma grande indústria química que atende, entre outros setores, o calçadista. ”Elaboro os conceitos das campanhas e peças gráficas para este mercado, onde produzimos matérias-primas para o calçado, desde adesivos até elastômeros termoplásticos e demais componentes”, diz.
::> William Raí da Luz – Trabalha na Indústria calçadista há dez anos e atualmente é Gestor de Projetos em 3D. “Tive a sorte de realmente me descobrir profissionalmente no ramo e me sinto privilegiado em ter decidido seguir esta carreira desde a adolescência”, comenta.
::> Paula Raquel da Silva Flores – Trabalhando na indústria calçadista há mais de 16 anos, Paula tem grande experiência na área de estilo voltado a calçados e artefatos, incluindo coleções desfiladas no SPFW. Atualmente trabalha como estilista em uma conceituada marca de calçados.
::> André Cézar Gossler – Trabalha na Indústria calçadista há mais de 20 anos, com experiência nos processos de corte, costura, montagem e prototipagem de calçados. Atualmente atua como gerente de produção em uma conceituada marca de calçados.