Inspiramais em Porto Alegre : diferentes gerações unidas pelo design e pela moda
A 29ª edição do INSPIRAMAIS, que aconteceu nos dias 23 e 24 de janeiro, no Centro de Eventos da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre /RS, teve ação que colocou frente a frente diferentes gerações unidas pelo design e pela moda.
O Salão que lançou coleções de materiais de 150 expositores de todo o Brasil e apresentou mais de mil materiais inovadores e sustentáveis para as indústrias de calçados, confecções, móveis e bijuterias é promovido pela Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) em parceria com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel).
As diferentes gerações unidas pelo design e pela moda, que é tema da pesquisa INTERGERACIONAL que deu origem a mais de mil materiais lançados durante a 29ª edição do INSPIRAMAIS, foi pauta de ação realizada na quarta-feira (24/01/24) no Salão Inspiramais.
Conduzida pelo coordenador do Núcleo de Design e Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Walter Rodrigues, a ação colocou, frente a frente, pessoas de gerações distintas, porém com estilos e filosofias de vida semelhantes.
Uma dessas duplas era dos músicos Edu K (DeFalla), de 55 anos, e a jovem Anakas Rodrigues Canto (Quem é você, Alice?), de 21 anos. O primeiro, um ícone do rock gaúcho dos anos 80, e o segundo, um músico punk não-binário que está iniciando sua carreira com shows em festivais e bares de Porto Alegre/RS e região. A equipe de assessoria de imprensa da Assintecal conversou com os dois, que fazem parte de gerações diferentes que se “retroalimentam”.
Assintecal: Qual é o estilo musical da Quem é você, Alice?
Anakas: Misturamos muitos estilos, não temos um somente definido. Temos influências de MPB, rap, trap, rock, emo, punk, indie rock e muitos outros. Abordamos nas nossas letras questões como saúde mental, de gênero e representatividade. A estética do punk mudou e as letras também, mas seguimos fazendo parte de uma cena underground que vem crescendo no Rio Grande do Sul. O nosso protesto político é mais sutil e tem a ver com questões do nosso cotidiano. O punk, hoje, é mais sensível a isso.
Assintecal: Qual é a sua conexão com a geração do Anakas?
Edu K: Temos muitas, na moda e na filosofia de vida. Na moda, é forte a customização de roupas e o não apego a grandes marcas. Também, assim como o Anakas, me considero um anti-gênero, penso que um gênero não exclui o outro. Queremos tudo e queremos agora. Nossas roupas refletem esse estilo. Para mim, não existem roupas de homem ou de mulher. As pessoas me dizem que me visto de mulher porque uso saia. Eu não me visto de mulher, eu me visto. E só. A questão excludente é o preconceito. Eu e o Anakas temos muitas semelhanças na música, na moda e no estilo de vida.
Assintecal: Com estilos bastante semelhantes, podemos dizer que vocês se influenciam mutuamente?
Edu K: Exato. Eu, com 55 anos, quando vi um show do Anakas usando croped, achei fantástico. Estou usando. Nós nos influenciamos, não temos essa separação de gerações nesse caso.
Anakas: Podemos dizer que nossas gerações se retroalimentam em um processo de reciclagem e de expansão da nossa cultura.
Assintecal: Quais são os projetos de vocês?
Edu K: O DeFalla, depois de um hiato, está de volta. Em março, pretendemos divulgar os primeiros singles, para lançar um disco em agosto. Separamos o disco em dois estilos, um lado com músicas que remetem ao funk dos anos 2000 e o outro com funk metal. Temos muitas influências, como emo, funk, new metal, punk, hardcore, trap e muitos outros. No disco, teremos versões de músicas conhecidas do rock gaúcho, do Cachorro Grande e TNT, e também algumas músicas inéditas do DeFalla.
Anakas: Lançaremos um disco próprio em breve, misturando muitos estilos, do rock ao funk. Também programamos, para este ano, uma turnê em estados do Sul e Sudeste, como Santa Catarina e São Paulo.
Também participaram da ação a ex-parlamentar gaúcha Esther Grossi e a designer e especialista em Economia Circular Júlia Weber. Com estilos de vestir e cabelos coloridos muito parecidos, as duas são separadas por 67 anos (Esther tem 87 e Júlia 30). A assessoria de imprensa conversou com ambas durante o salão.
Assintecal: Qual a importância de trazermos o etarismo e a conexão entre gerações para o debate no INSPIRAMAIS?
Esther: Primeiro, é importante acabar com essa ideia de que velhos são muito diferentes dos jovens. Os estilos seguem, não acabam com o tempo. Desde jovem, nunca me policiei acerca de como me vestir. A sociedade criou um estilo para jovem e outro para velho, que não são reais.
Júlia: A discussão desse tema é muito importante. Trazemos, aqui para o INSPIRAMAIS, a discussão sobre tribos geracionais, destacando a conexão promovida pela moda entre as gerações.
Assintecal: Quais as semelhanças entre vocês?
Júlia: Nós criamos as nossas roupas. Eu acredito que a vestimenta não é feita somente de tecido, mas também de memória. Tudo o que usamos tem uma história por trás. Roupas são coleções de memórias.
Esther: Quando viajo e gosto de algo diferente, eu compro. Hoje, uso as roupas desenvolvidas pela Rosane (estilista particular), sem costuras, somente com alfinetes de segurança. Além de gostar de criar minhas vestimentas, com tecidos diferentes, temos semelhanças no modo com que enxergamos a vida. Penso que as roupas, os tecidos, todos trazem ideias por trás, inclusive preocupações políticas e sociais.